Ao que tudo indica, os bons ventos que sopram a favor da construção
civil vieram para ficar. Pelo menos é o que apontam os especialistas.
Só no Rio, a expectativa é de que sejam criados cerca de 25 mil novos
postos de trabalho em 2012, diz Denise Retamal, diretora executiva da
consultoria RHIO’S Recursos Humanos. Hoje, a construção civil é a
primeira opção dos empreendedores que pretendem abrir empresas no
Estado.
Uma escolha estimulada pelas obras de infraestrutura e revitalização
do Centro antigo para Copa e Olimpíadas. Isso sem falar nas obras de
transporte urbano nas zonas Norte e Oeste.
Segundo Ângela Maria Gabriella Rossi, professora do Programa de
Engenharia Urbana da Escola Politécnica da UFRJ (www.poli.ufrj.br), o
mercado — em especial, o imobiliário — está recuperando o tempo perdido
após décadas de estagnação,que levaram à grande evasão de
profissionais.
Falta engenheiro até para ensinar
Com o boom do setor e o consequente aumento da produção nos últimos
anos, a quantidade de engenheiros se tornou insuficiente para suprir a
demanda.
Hoje, já é possível notar aumento do número de alunos na área, mas é
preciso considerar que eles levam cinco anos para se formar — diz
Ângela, para quem a demanda deve perdurar por muito tempo. Esse
crescimento é uma resposta à atual conjuntura brasileira, que vive uma
fase de estabilização da moeda.
Para Altair Ferreira Filho, coordenador de Engenharias doIbmec, nas
últimas duas décadas houve uma proliferação de cursos de engenharia de
baixa qualidade, gerando a falsa perspectiva de que o déficit de
engenheiros estaria prestes a se extinguir: A quantidade de engenheiros
continua aquém das expectativas do mercado, mas a dificuldade maior é
encontrar profissionais bem qualificados.
Esse gargalo é crítico, embora o país tenha potencial acadêmico para oferecer bons cursos de engenharia civil.
Na Gama Filho, após “Sistemas construtivos de edificações”
(www.ugf.com.br) foi lançada para atender a necessidade de atualização
dos profissionais da área, explica sua coordenadora Virgínia Célia Costa
Marcelo. Mas ela alerta que agora faltam professores: Atualmente,
estamos presenciando o início de uma crise na área de ensino.
O mercado está absorvendo toda a mão de obra especializada com
salários mais atrativos do que os pagos pela educação. Isso está gerando
um déficit de professores em disciplinas específicas do curso.
Quando a Unisuam lançou sua pós em “Engenharia estrutural”
(www.unisuam.edu.br), em 2005, a ideia era “apenas” proporcionar uma
reciclagem aos profissionais da área. Uma realidade bem diferente da
vivida hoje, destaca o coordenador do curso, Geraldo Mota: Na ocasião,
as perspectivas de crescimento da economia não eram tão contundentes
como agora.
Vivemos a expectativa do lançamento do plano especial de incentivo
para a formação de engenheiros recém-anunciada pelo ministro Aloísio
Mercadante. Se nada for feito, em breve será preciso importar mão de
obra. Atualmente, afirma Pedricto Rocha Filho, coordenador da CCE da
PUC-Rio (www.cce.puc-rio.br), existe uma tendência de cursos de curta
duração para atender demandas específicas em um curto prazo: Há uma
carência maior de profissionais envolvidos nas áreas de planejamento e
de utilização de novos materiais.
Mas é importante destacar que a cadeia produtiva na área é bastante
vasta e inclui desde materiais de construção até atividades de
manutenção de imóveis. Na tentativa de driblar a carência de mão de
obra, empresas investem em programas de capacitação.
Nas construtoras RJZ Cyrela e Living, os engenheiros recebem
treinamentos técnico e de gestão de obra, além de atualizações
constantes por meio de palestras ministradas por profissionais de renome
no mercado: Versatilidade é palavra de ordem na construção.
O mercado muda muito rapidamente e surpreende cada vez mais, exigindo
constante reposicionamento das empresas e de seus profissionais. Por
isso, o perfil mais procurado hoje são jovens empreendedores, de grande
potencial de desenvolvimento — diz Aline Ferreira, gerentede RH das
empresas.
Essa necessidade de entender o mercado fez com que a imobiliária
Fernandez Mera montasse um programa de pós-graduação, em parceria com a
FGV, para manter os 42 diretores do grupo em sintonia com as mudanças do
setor. A ideia é dar aos participantes instrumentos e técnicas para a
tomada de decisões na velocidade que o mercado exige — diz o
diretor-executivo da empresa, João Cardoso. Não à toa, o MBA “Gestão de
negócios imobiliários e da construção civil” é um dos cursos mais
procurados na FGV (www.fgv.br/mba-rio).
Hoje, investir em educação continuada é essencial em qualquer área e
na construção civil não poderia ser diferente — diz o coordenador do
curso, Pedro de Seixas Corrêa.
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