Em
três anos a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) formará a
primeira turma de Engenheiros Nucleares do Brasil. Iniciada em 2010, a
graduação dos novos engenheiros já é uma conquista e avanço tecnológico
do ensino da graduação no Brasil. Com 30 (trinta) vagas preenchidas e 0%
de evasão, foi realizada, na segunda quinzena de março, a aula
inaugural de 2012.
Sob os olhares atentos de alunos da Escola
Politécnica e oficiais da Marinha do Brasil, o Contra-Almirante abordou
todos os assuntos relacionados ao Projeto Brasileiro para o
Desenvolvimento do Submarino Nuclear. Hecht, que é o Gerente do Projeto
de Obtenção da Tecnologia, citou a relevância da defesa da área marítima
brasileira e as parcerias com outras nações. Segundo ele, o projeto da
embarcação de propulsão nuclear será um ‘impulso’ para o mercado de
Engenharia Nuclear, destacando a necessidade de profissionais formados
em engenharia nuclear
- Essa é uma grande oportunidade para os
senhores ingressarem nesse projeto, que vai envolver um grande número de
profissionais da área -, frisou o Contra-Almirante da Marinha do
Brasil, reafirmando a cooperação entre Marinha e a Universidade Federal
do Rio de Janeiro, e lembrando aos presentes da possibilidade de
ingresso no Curso de Extensão de Fundamentos de Engenharia Nuclear,
criado especialmente para treinar os oficiais da Marinha que trabalharão
no projeto de construção de um novo submarino.
O Coordenador do
Programa de Engenharia Nuclear (PEN) da UFRJ, professor Su Jian,
ressaltou a cooperação entre a UFRJ e Marinha do Brasil, tanto na
formação de recurso humano, quanto nos projetos de serviços para o
programa de submarino nuclear.
- Para os alunos da Escola
Politécnica, existem oportunidades além da parceria com a Marinha. A
necessidade se estende também para a área de produção de energia para o
desenvolvimento brasileiro -, diz Su Jian, para quem as perspectivas de
futuro da profissão são promissoras, não só em função da retomada do
programa nuclear brasileiro, como também pela necessidade da reposição
de profissionais que estão se aposentando. “Há Angra 3 em construção e
mais quatro reatores planejados”, complementa Jian.
O mercado
promissor faz com que a Engenharia Nuclear da Escola Politécnica da UFRJ
se torne cada vez mais firme. Evidência disso é que todas as vagas
oferecidas neste semestre foram preenchidas, a grande maioria como
primeira opção. Além de ter tido um índice de evasão nulo para este ano
de 2012.
Visão de futuro do corpo docente
No
corpo docente do Curso, há especialistas como o Doutor em Ciências
Técnicas na área de Análise Probabilística de Segurança (APS), José de
Jesús Rivero Oliva, que chegou ao Brasil em 2011. O Professor possui 30
(trinta) anos de experiência na área de análises de confiabilidade e
risco.
O especialista, também fundador da Cátedra Nacional de
Segurança Industrial e Gestão de Riscos, em Havana, acredita que a
energia nuclear continuará a ser uma opção viável como fonte de geração
de energia no futuro próximo.
- O Brasil está capacitado para
expandir projetos de geração de energia nuclear com segurança, amparado
pelas diretrizes do Programa Nuclear Brasileiro, uma potencia mundial.
Estamos formando profissionais, raros, que estarão aptos a lidar com
questões relacionadas aos mais diferentes campos que abrangem o uso da
energia nuclear. Essa será uma realidade dentro dos próximos dez anos. –
exemplifica o Dr. José de Jesús Rivero Oliva.
Diante de uma
realidade, cada vez mais evidente, onde Angra 1 e Angra 2, juntas, já
produzem 1,962 megawatts (MW) médios, equivalente a 3,61% do mercado
total, segundo dados do Operador Nacional de Sistemas (ONS) – aferição
do primeiro semestre de 2011 -, Jesús Rivero Oliva não duvida que as
termelétricas cederão espaço para outras fontes de energia não emissoras
de CO2, como a nuclear e as renováveis.
“Não poderemos abrir mão de qualquer alternativa de energia não poluente”
-
Com a crescente demanda mundial por energia, principalmente nos
horários de pico da 18h às 20h, não poderemos abrir mão de qualquer
alternativa de energia não poluente, pois essa também é uma questão
relevante. A liberação de CO2 e de outros poluentes atmosféricos, das
termelétricas e as limitações de caráter natural para novos
empreendimentos hidrelétricos, nos leva a pensar que a energia nuclear
não poderá ser descartada -, complementa o especialista em Gestão de
Riscos.
E se as usinas nucleares de Angra dos Reis, principais
“produtoras” deste tipo de energia no país, chegaram ao fim de junho
batendo as termelétricas a gás e carvão, fica evidenciada, mais uma vez,
o potencial operacional das usinas nucleares e seu elevado custo
benefício, por não emitirem dióxido de carbono. A energia nuclear é
apresentada por especialistas como solução eficiente e viável
economicamente, pois possui inúmeras aplicações benéficas, como na
medicina, agricultura e indústria.
O potencial brasileiro, no que
se refere à geração de eletricidade, via combustível nuclear, é imenso.
Considerando os custos, o conhecimento atual das reservas e da
tecnologia, o Brasil deve seguir sua trajetória de investimentos em
geração de eletricidade, via fontes de energia, que não emitam, ou
emitam pouco dióxido de carbono. Entretanto, a discussão sobre energia
nuclear deve ser mais do que uma simples apresentação de estatísticas,
ou elucidação das vantagens e desvantagens do uso do combustível
nuclear:
- Seria inevitável uma política reducionista do consumo
de energia no futuro se o mundo renunciasse à energética nuclear agora.
As usinas nucleares serão necessárias enquanto o homem não conseguir
desenvolver outras formas de gerar energia capaz de fornecer elevadas
potencias elétricas, sem agredir o meio ambiente. Enquanto isso não
acontece, a estruturação da matriz energética deve sempre considerar a
complementaridade estratégica entre as fontes de energia, como medida de
segurança energética nacional -, finaliza o novo Professor da Escola
Politécnica da UFRJ.
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