“Estou surpreso com o crescimento extraordinário do Panamá. A construção civil, que cresce 27%, tem um desempenho único no mundo”, diz o embaixador brasileiro no país, Adalnio Sena Ganem, em encontro com empresários da Baixada Santista na Cidade do Panamá.
O encontro é mais uma etapa da segunda edição do Ficon - Fórum da Indústria da Construção de Santos e Região, promovido pelo Sistema A Tribuna de Comunicação e Una Eventos. Ele contou primeiro com o seminário realizado no dia 3 no Mendes Convention Center, em Santos, que debateu as tendências do mercado da construção, e com reuniões intermediárias para discutir problemas e soluções para o setor.
Uma comitiva do Ficon com empresários e autoridades da Baixada e Governo do Estado de São Paulo estão no Panamá nesta semana para conhecer a experiência do país no campo da construção.
O primeiro impacto que a comitiva teve no país, mais conhecido mundialmente por seu canal de navegação de 80 quilômetros de extensão que liga o Atlântico e o Pacífico, é o horizonte da capital dominado por edifícios gigantescos que lembram Dubai e as metrópoles asiáticas. Enquanto em Santos as torres se aproximam dos 40 andares, a Cidade do Panamá tem 50 edifícios desse porte. Destes, 30 têm mais de 50 pavimentos. Mas já há dez construções que possuem entre 70 e 80 andares.
Uma das empresas locais responsáveis pelos grandes edifícios é a Bern. Em apresentação à comitiva do Ficon no Hotel Meridien, o engenheiro José Manuel Bern conta que o grupo empresarial tem nove hotéis e resorts, além de construir as torres. Segundo ele, o preço médio do metro quadrado é de US$ 2.800 – ou R$ 5.376, portanto, bem abaixo de Santos, onde na orla o m2 está por volta de R$ 7 mil segundo o empresário Armênio Mendes.
Bern conta que os principais compradores são panamenhos, além de americanos, franceses e venezuelanos. Em nenhum momento ele demonstrou preocupação com eventual excesso de oferta, tamanha é a confiança na prosperidade do país, que ao crescer dois dígitos por ano segue adiante a passos chineses.
Mas por que os prédios panamenhos são tão altos? Além da demanda, os critérios locais para a construção são diferentes. Em Santos, a altura dos prédios é definida conforme o tamanho do terreno. Por exemplo, se ele tem 5 mil m2 na orla, a empresa poderá construir 25 mil m2, distribuídos por quantos andares forem necessários (não há limite) – desde que a soma dos apartamentos e áreas comuns não supere os 25 mil m2.
A secretária da junta que autoriza as construções, Lourdes Aguilar, diz que o órgão avalia o “câmbio” do uso do solo, que é o que vai ser demolido e o que será construído em cima. A decisão final considera a densidade populacional que será instalada no terreno e não o tamanho da torre. Será observado quantos moradores viverão por hectare. O que se vê no Panamá são torres altas bem próximas. De acordo com ela, o bairro mais valorizado, Bela Vista, ganhou 300 “câmbios” nos últimos anos (300 construções permitidas). Ele é tão atraente ao panamenho que parte dele avançou sobre o mar para receber mais prédios.
A impressão inicial que se tem é que não há movimentos contrários às grandes torres e que a cidade se orgulha de seu novo horizonte de arranha-céus. Lourdes, entretanto, lembra que há grupos avessos ao boom imobiliário. No Casco Viejo, o centro histórico do Panamá, uma faixa diz não à Cinta Costera, via expressa construída pela brasileira Odebrecht. A Cinta ocupou um trecho do mar que foi aterrado ao lado da então avenida da praia, a Balboa. É por ali que estão surgindo outros megaedifícios.
Lourdes Aguilar, entretanto, lembra que o Casco Viejo está preservado pelo patrimônio histórico desde 1994 e que lá não é permitido construir prédios. Ela conta ainda que a junta tem seis membros, um deles da sociedade civil, que por meio de voto autorizam os projetos.
Entretanto, nada parece segurar o desenvolvimento do Panamá, que continua sendo ditado pelos 80 Km de navegação do Canal do Panamá, que passa por obras de ampliação para receber os navios cada vez maiores. Confira na edição de amanhã a visita da comitiva ao canal, como ele funciona e o que o governo faz para que a estrutura fixe empresas no País.
O encontro é mais uma etapa da segunda edição do Ficon -
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