quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Áreas de engenharia e técnica sofrem com falta de mão de obra

A dificuldade em contratar profissionais capacitados nas áreas técnicas e de engenharia leva empresas a buscar esses trabalhadores ainda nas universidades. Atualmente, para suprir esse buraco em suas linhas de produção, as indústrias têm partido para a área acadêmica para recrutar os estudantes e capacitá-los dentro da própria empresa. “É o único jeito de suprir esse buraco que temos dentro do mercado de trabalho”, afirma Fábio Amaral, diretor da Engerey, empresa de montagens de painéis eletrônicos.

Pare ter ideia desse “buraco”%, um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o Brasil teria que formar pelo menos 60 mil engenheiros ao ano para acompanhar a perspectiva de crescimento anual do País, que gira em torno de 5% a 6%. Hoje, apenas 32 mil engenheiros se formam por ano no Brasil. Esse cenário pode ser ainda mais preocupante no mercado profissional de tecnólogos.

"Temos um grande problema também em achar profissionais de área técnica”, complementa Amaral. Por isso, a solução arrumada pela empresa foi capacitar estudantes e profissionais sem experiência de mercado. “A nossa empresa sempre contou com estagiários em seu quadro de colaboradores, e sempre investiu em capacitação. Mas há um ano e meio atrás, por conta do aumento de produção, precisamos de mais profissionais. Como não tinha disponível no mercado, fomos buscá-los nas universidades e cursos técnicos”, revela Amaral.

A empresa começou a ampliar o diálogo com as instituições de ensino e passou a oferecer treinamento para os alunos interessados. “A procura foi grande. E aqui esses profissionais passaram a ter uma série de palestras internas e externas, em empresas parceiras, além das experiências práticas na linha de produção”, diz.

Atraído pelo programa de treinamento, estudante do curso técnico em automação industrial, Gustavo Pógere Leal, 18 anos, trabalha há oito meses na linha de montagem de painéis da Engerey. Ele foi atraído pelo programa de treinamento oferecido pela empresa. “Cheguei aqui, mal sabia usar uma parafusadeira. Hoje já estou trabalhando bem melhor e aprendendo a cada dia que passa”, afirma. Para o diretor Fábio Amaral, “é um investimento de médio a longo prazo, mas temos colhidos bons frutos com o aumento da nossa produtividade e a composição qualificada do nosso quadro de colaboradores”. 

O coordenador adjunto do curso de Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Ricardo Bertin, diz que o cenário de grande demanda por engenheiros aumentou a procura pelos cursos de engenharia. “Hoje, quando conversamos com alunos do ensino médio em feiras de profissões, deixamos claro que existe essa demanda, e o número de inscritos nos vestibulares para as engenharias tem aumentado consideravelmente”, afirma.

Segundo ele, essa alta demanda amplia a responsabilidade das universidades em relação à formação dos futuros profissionais. “Como há mais vagas do que engenheiros, nosso papel como formadores aumenta. Se você produz em quantidade, a qualidade tem que crescer na mesma proporção, já que esses profissionais vão deixar a universidade e entrar quase que automaticamente no mercado de trabalho”, comenta.


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