A água
Do volume total de água existente no planeta Terra, apenas 1% é água doce. Este pequeno volume de água doce está assim distribuída: metade está nos lençóis profundos (a mais de 800m), e portanto, difícil de ir buscar, a outra metade se distribui entre os lençóis subterrâneos, denominados aqüíferos (47%), na umidade do solo (0,8%), no ar (0,7%) e nos rios e lagos (1,5%). Para se ter uma idéia do que acima foi exposto, apresenta-se uma simulação extraída do jornal Folha de São Paulo de 17/05/97: "Se toda a água da Terra fosse igual a 2 litros, a água dos rios, lagos e subterrânea seria igual a meia colher de chá e o total de água, só nos rios, seria igual a uma gota".
Ciclo hidrológico
Tipos de aqüíferos
Os aqüíferos podem ser: "artesianos" e "artesianos livres" (também chamados de lençóis freáticos).
Os aqüíferos artesianos são aqueles em que a água se encontra sob pressão superior à atmosférica em decorrência de um desnível de sua superfície provocado pelo confinamento de uma ou mais camadas de baixa permeabilidade. Já nos aqüíferos livres, esse confinamento não existe, e portanto, a superfície da água se encontra com pressão igual à atmosférica.
Permeabilidade dos solos
É a propriedade dos solos que indica a maior ou menor facilidade que os mesmos oferecem à passagem da água através de seus vazios. Essa maior ou menor facilidade de passagem da água é numericamente expressa pelo "coeficiente de permeabilidade (k)" cujo conhecimento é importante para os problemas de movimento da água no solo e em particular os de rebaixamento dos aqüíferos.
Quanto menor o "k", menos fluxo de água escoa pelos vazios do solo. Para fins práticos de engenharia, quando o mesmo for da ordem de 10 a 8 cm/s, consideramos o solo como sendo "impermeável".
Sistemas de Rebaixamento de Aqüíferos
Veja na figura o esquema de um Rebaixamento de Lençol Freático:
1. Bombeamento Direto ou Esgotamento de Vala
Figura 1 - Sistema de rebaixamento por bombeamento direto.
As bombas empregadas neste sistema de rebaixamento são dos mais diversos tipos e potências, sendo sua escolha normalmente feita de maneira empírica.
Inconvenientes deste sistema
- a) No caso de escavações suportadas por cortinas estanques contínuas, a força de percolação da água pode causar substancial perda de suporte quando o gradiente hidráulico for elevado, prejudicando os trabalhos e até inviabilizando execução de fundações rasas. Se existir uma camada pouco permeável pode ocorrer a súbita ruptura do fundo da escavação, se não forem executados drenos de alívio.
- b) Sempre que se usar este sistema de rebaixamento é importante verificar se não ocorre carreamento de partículas do solo, observando-se regularmente, a água na saída das bombas para ver se a mesma está saindo limpa. O carreamento de partículas de solo provoca recalques acentuados em estruturas vizinhas è escavação (além daqueles que o próprio rebaixamento provoca) em particular nas calçadas e ruas, pondo em risco as utilidades públicas enterradas (dutos de água, esgoto, telefone, etc). Ao se constatar carreamento de solo, deve-se melhorar o sistema de captação de água, dispondo-se filtros, onde estiverem ocorrendo esses carreamentos, conforme mostrado abaixo:
Figura 2 - Utilização de filtros (geotextil). Exemplo onde o sistema de rebaixamento por bombeamento direto é econômico (clique no desenho para visualizar melhor) ou executar drenos sub-horizontais profundos (DHP) eventualmente complementados por uma trincheira drenante conforme detalhado abaixo:
Figura 3 - Drenos sub-horizontais profundos (DHP) e trincheira drenante
Aplicações
Uma das situações em que este sistema de rebaixamento é utilizado está ilustrado na figura 2 desta página onde a camada permeável é de "pequena" espessura (em relação à profundidade da escavação), repousando sobre um extrato "impermeável" (k da ordem de 10(-8) cm/s). Nesta situação a escavação pode ser realizada seguindo-se a metodologia apresentada abaixo:
2. Sistema de Rebaixamento com Ponteiras Filtrantes (Well-Points)
Consiste na implantação de várias ponteiras filtrantes, com pequeno espaçamento entre elas (1metro à 2 metros) ao longo do perímetro da área a rebaixar, as quais são ligadas a rede coletora através de mangueiras plásticas dotadas de um registro.
Este método permite executar o rebaixamento de lençol freático em grandes áreas com profundidades médias de escavações em torno de 5 metros. Podendo entretanto através da implantação de múltiplos estágios ser aplicado à escavações mais profundas.
A extremidade dos coletores é conectada ao equipamento composto de bomba de vácuo, separador ar-água, bomba centrífuga, o qual retira água do solo, fazendo com que a pressão atmosférica recalque a água e promova a escorva da bomba centrífuga e conseqüente bombeamento.
Normalmente, cada equipamento trabalha com 40 a 60 metros de coletor, e entre 30 a 40 ponteiras.
Ponteiras
As ponteiras constituem-se de um tubo de ferro galvanizado ou de PVC (este hoje em dia mais frequente) com diâmetro de 1 1/4 " ou 1 1/2" terminado por uma peça com cerca de 1m de comprimento (a ponteira propiamente dita),perfurada e envolvida por tela de nylon com malha de 6mm.
Também é possível executar a ponteira sem tela fazendo-se ranhuras de pequena espessura no tubo, porém este procedimento só é usado em rebaixamentos de pequena profundidade e em solos predominantemente arenosos (sem siltes ou argilas).
As ponteiras são instaladas em perfurações prévias executadas com tubo de aço galvanizado e circulação de água, analogamente ao processo de perfuração com lavagem nas sondagens à percussão.
Quando o solo onde se instala a ponteira é de granulometria muito fina, imediatamente após a instalação deve-se envolver a ponteira com pedrisco e selar o topo com argila socada.
Acima pode ser visto o esquema da Ponteira Tradicional
Cada ponteira é ligada ao tubo coletor por um mangote flexível e um registro que serve para regular a vazão de água que passa pela mesma, de modo a manter o trecho filtrante da ponteira sempre submerso, para que não haja entrada de ar.
Quando se constata entrada de ar, regula-se o registro para uma menor vazão, ou até se fecham alguns registros da rede.
Os registros, quando fechados, permitem a troca das ponteiras a eles ligadas que estejam apresentando defeito.Por essa razão é uma boa prática de engenharia não se eliminar está peça do sistema de rebaixamento, embora em rebaixamentos de pouca responsabilidade esta prática nem sempre é seguida.
Fonte: ecivilnet/Autor: Professor Manoel Vitor/Colaboração Maurício Kimus - Engenharia Civil pela Universidade Gama Filho - Teresópolis RJ
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