sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Após análise inicial da Defesa Civil, acidente na Arena Corinthians teria acontecido por técnica inadequada

MTE interditou o uso dos guindastes na obra até segunda ordem. Trabalhos devem ser retomados na próxima segunda


Técnicos do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) decidiram na última quinta-feira (28) a interdição de nove guindastes da obra do estádio do Corinthians até a segunda ordem. A decisão foi tomada após o desabamento de um destes equipamentos sobre o prédio Leste do novo estádio do Corinthians, em São Paulo, na última quarta-feira (27). Dois morreram no acidente.
Ligados à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Estado de São Paulo (SRTE-SP), os técnicos do MTE participaram da vistoria feita pela Defesa Civil na manhã da última quinta-feira. Agora, a Odebrecht, empresa que executa as obras no empreendimento, precisa enviar relatórios que confirmem a segurança dos equipamentos. As análises destes documentos serão iniciadas na segunda-feira (2).
Esta decisão será assinada nesta sexta-feira (29), pelo superintendente do Ministério do Trabalho em São Paulo, Luís Antonio Medeiros. O técnico afirma que: "Assim que a empresa comprovar a segurança na movimentação de cargas, as medidas de proteção que serão adotadas e que não há mais riscos de acidentes, haverá liberação por parte do Ministério do Trabalho", disse.
Em nota, a Odebrecht e Corinthians confirmaram ter recebido o aviso de "embargo provisório de operações com guindastes". E ressaltaram que "A empresa apresentará todos os documentos solicitados no mais breve prazo de tempo possível".
Ainda na manha da última quinta-feira (28), a Defesa Civil, através de seu coordenador Paca de Lima, após uma análise inicial, apontou como provável causa do acidente a movimentação irregular da peça de mais de 400 toneladas que completaria a cobertura metálica. O balanço da peça pode ter desestabilizado o guindaste, provocando a queda do equipamento. A análise aponta que a técnica usada para erguer a estrutura não foi a mais adequada.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Construção Civil de São Paulo e deputado estadual, Antonio de Sousa Ramalho, por sua vez, afirmou que recebeu na quarta-feira (27) uma denúncia que momentos antes do acidente um alerta teria soado sobre riscos de acidente com o guindaste. "Recebemos uma denúncia de um técnico de segurança do trabalho dizendo que havia alertado às 8h que aquela base de sustentação não era suficiente para o guindaste", disse Ramalho.
O presidente do Sindicato ainda complementa que, de acordo com a denúncia que recebeu, um engenheiro de segurança do trabalho viu um desnível no terreno, pouco antes do acidente, porém que um engenheiro civil teria defendido a continuação do procedimento.
Quando perguntado sobre esta questão, Paca Lima, disse: "Visualmente, eu não notei qualquer afundamento no terreno, mas é preciso averiguar. As polícias técnicas e cientifica vão verificar isso. Se houve afundamento, foi muito pequeno, mas na utilização de maquinário pesado, isso pode fazer diferença", afirma.
Por meio de nota, a Odebrecht e o Corinthians negaram que houve qualquer tipo de alerta antes do acidente. "A Odebrecht Infraestrutura e o Sport Club Corinthians Paulista esclarecem que não houve nenhum alerta prévio ao acidente e negam a ocorrência dos eventos relatados pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo". Além disso, ressaltaram que o Sindicato, presidido por Ramalho, não representa os trabalhadores de movimentação de guindaste e colocação de estrutura da Arena, que são representados pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada, Infraestrutura e Afins do estado de São Paulo (Sintrapav SP).
O Sintrapav SP também esteve no canteiro de obras, junto com o Ministério Público e Ministério do Trabalho, apurando informações sobre o acidente.
Além dos órgãos MTE e da Defesa Civil, a Polícia Civil de São Paulo está apurando três hipóteses principais para o acidente: falha humana, defeito no guindaste e instabilidade do terreno. Nesta sexta-feira, técnicos alemães da empresa que fabricou os guindastes também chegam a São Paulo para auxiliar nas investigações.
A Odebrecht e o Corinthians seguem afirmando que as obras serão retomadas na próxima segunda-feira (2).

Vídeo amador registra momento da queda de guindaste na Arena Corinthians

http://www.youtube.com/watch?v=C5rLVF5K0Nc

Fonte: Rodrigo Louzas, do Portal PINIweb

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