Isay Weinfeld diz que adoraria projetar um posto de gasolina. Caso não fosse arquiteto, gostaria de ser maestro, mas em algumas noites é visto como DJ no clube Alley, na Barra Funda, em São Paulo. Um dos nomes mais prestigiados da arquitetura brasileira, ele é um curioso nato.
A invenção e a multiplicidade de seu pensamento arquitetônico se fazem presentes no livro "Isay Weinfeld - Projetos Comerciais" (ed. BEI, 396 págs.; R$ 160), que reúne 19 empreendimentos comerciais. O volume luxuoso (teve R$ 290 mil captados via Lei Rouanet) atravessa quase 15 anos de produção - de um restaurante em Londres a um hotel na Sérvia e outro no Uruguai, passando por alguns projetos no Rio de Janeiro e muitos em São Paulo.
"O escritório sempre teve uma produção muito variada, acho que fruto dessa minha permanente vontade de aprender e de experimentar o que não conheço", diz o arquiteto de 60 anos. "O spa da Fazenda Boa Vista foi inaugurado no mês passado; em breve, abrirão a academia Bodytech [no shopping Iguatemi], uma nova loja da Livraria da Vila [em Curitiba] e um novo empreendimento do Rogério Fasano."
"O contraste, o oposto, as duas pontas sempre me atraíram. Já o equilíbrio entre elas não sei explicar. Talvez seja uma coisa de signo, sou libriano", diz Weinfeld. "O que tento fazer em qualquer projeto é resolver tecnicamente a questão colocada pelo cliente da melhor maneira possível, com uma pitada de criatividade."
"Jamais gostei de fazer trabalhos em série, em que você cria um conceito e depois tem que repetir à exaustão, porque é parte do negócio do cliente. Sempre achei isso cansativo", diz Weinfeld na introdução do livro. "Só me interessa trabalhar em vários projetos para a mesma marca na medida em que me vejo em condições, dentro de um conceito estabelecido, de propor algo novo e fresco, garantindo a singularidade de cada projeto."
O livro não aborda projetos residenciais (15 deles foram tema de um livro anterior, lançado pela BEI em 2010). Fica de fora, portanto um dos projetos mais emblemáticos do escritório - o edifício 360°. Premiado com o Mipim Architectural Review Future Project, o imóvel na avenida Cerro Corá, na Lapa, é chamado, por entusiastas, de referência futura para São Paulo.
Tímido e espalhafatoso ao mesmo tempo, Weinfeld é um homem do mundo. A pedido do Victoria & Albert Museum, de Londres, ele doou recentemente os desenhos de alguns projetos do seu escritório que vão integrar a coleção de arquitetura do museu.
O arquiteto trabalha ainda em edifício de propriedade da família real de Mônaco, após desbancar nomes conceituados (como o francês Jean Nouvel). Em janeiro, os irmãos Andrea e Pierre Casiraghi, de Mônaco, estiveram em São Paulo, passaram pelos projetos de Weinfeld e terminaram a noite no bar Numero para comemorar a empreitada. Quando frequenta os lugares que projetou, Weinfeld diz ficar constrangido. "Sinto-me exposto, quase como se ficasse nu em público."
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