Em caráter de urgência, senadores aprovaram
ontem a prorrogação de contratações em regime especial mesmo para
melhorias que serão entregues depois do torneio
Proposta do senador Romero Jucá segue para apreciação da presidente Obras que tiveram problemas de projeto
e execução e não ficarão prontas até o início da Copa do Mundo de 2014
podem continuar se beneficiando de um regime especial — que permite aos
estados e municípios a exclusão do seu financiamento dos limites de
endividamento de estados e municípios. Originalmente, as exceções
estavam previstas apenas para obras entregues até a realização do
torneio.
O Senado aprovou ontem uma proposta que garante a
extensão da brecha para obras que começarem a ser executadas até 18 dias
depois do início do Mundial. A matéria segue para a análise da
presidente Dilma Rousseff. O projeto
do senador Romero Jucá (PMDB-RR) teria o respaldo do Ministério da
Fazenda. Ele pode beneficiar, de acordo com lista distribuída pela
assessoria do parlamentar, 22 obras, orçadas em 3,5 bilhões.
São
projetos que terão de sair da Matriz de Responsabilidade da Copa do
Mundo, documento com as obrigações de cada uma das 12 cidades-sede para o
evento, por não cumprirem o prazo de entrega. Nesses casos, a
recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) é que elas não tenham
mais o benefício de serem excluídas do limite de 16% do comprometimento
da receita de estados e municípios com financiamento.
A
proposta foi avaliada, na manhã de ontem, pela Comissão de Assuntos
Econômicos (CAE) e a oposição chegou a ameaçar não votá-la. "Se a razão
do benefício é a Copa, por que manter a excepcionalidade depois da
Copa?", questionou o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP).
Mas Jucá
conseguiu acordo para votação em plenário, ainda na noite de ontem,
após mudar o prazo-limite para o início das obras que poderão manter o
benefício. Ele queria que fosse até 31 de dezembro de 2014. Mas mudou
para 30 de junho.
Entre as obras possivelmente beneficiadas com
a proposta, Jucá cita o sistema de corredor rápido de ônibus de Manaus,
avaliado em R$ 200 milhões; extensões do BRT de Curitiba, estimadas R$
202 milhões; e a construção de um complexo rodoviário em Porto Alegre, avaliado em R$ 32 milhões. O senador citou também o primeiro trecho do Metrô Leve de Brasília (VLT).
O Governo do Distrito Federal, porém, disse que, a princípio, a obra
não deve ser beneficiada com a proposta. “Já estamos fora da Matriz de
Responsabilidade da Copa (veja Entenda o caso) e o valor do
financiamento da obra não extrapola os limites do endividamento do GDF. Mas vamos avaliar se há a possibilidade de algum benefício com o projeto aprovado”, disse a diretora-presidente do Metrô-DF, Ivelise Longhi.
Entenda o caso
VLT pronto só em 2015
Inicialmente
relacionado às obras da Matriz de Responsabilidades da Copa do Mundo, o
Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) do Distrito Federal foi retirado do
documento em setembro de 2012. À época, o Governo do Distrito Federal
assumiu que não conseguiria concluir a obra até o início do Mundial.
O
atraso na construção ocorreu por causa de um embargo na licitação
inicial. Para o juiz José Eustáquio de Castro Teixeira, havia indícios
de fraude no processo licitatório, como o direcionamento do edital para
privilegiar empresas ligadas a um ex-presidente do Metrô-DF.
Parado
desde abril de 2011, o processo foi retomado este mês, com a assinatura
de um contrato com um consórcio para desenvolver o projeto
executivo do viaduto do VLT, entre a Avenida W3 Sul e o Setor Policial.
O GDF publicou, também em março, o edital para pré-qualificação das
empresas interessadas em executar a obra.
Orçado em R$ 1,55 bilhão, o projeto completo do VLT liga o Aeroporto
Internacional Juscelino Kubistchek ao fim da Asa Norte e prevê atender
120 mil pessoas por dia. A expectativa é que o primeiro trecho do VLT
seja entregue até o primeiro semestre de 2015.
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