Investimentos
em transporte coletivo de qualidade - como o trem até César de Souza -,
incentivo ao uso da Avenida Perimetral e criação de caminhos
alternativos são as principais sugestões de alguns engenheiros,
arquitetos e urbanistas de Mogi das Cruzes para a solução ao trânsito
caótico da Cidade. Os profissionais opinaram após a publicação da
reportagem de anteontem, de O Diário, que aponta ranking das vias públicas mais problemáticas do Município, dentre elas, a campeã de reclamações: a Rua Ipiranga.
Para o arquiteto e
urbanista, Nelson Bettoi Batalha Neto, mogiano e membro do Conselho de
Arquitetura e Urbanismo do Estado de São Paulo (CAU-SP), uma das
soluções mais adequadas para desafogar o Centro de Mogi é a Avenida
Perimetral. "Para resolver o problema da quantidade de carros, se faz
necessário ter acesso à Cidade sem entrar pelo Centro. A Avenida
Perimetral é uma opção. Ela pode até ser mais distante [em
quilometragem], mas é mais rápida e ajudaria a amenizar o tráfego
intenso", aponta Neto. No entanto, segundo ele, é preciso um
investimento em orientação à população, para que ela possa utilizar a
avenida com frequência. "Faltam placas informativas indicando a opção
dessa via. É uma boa opção, mas a sinalização é ineficiente", conclui.
Semelhante visão é a do
arquiteto e engenheiro José João Mossri, ex-secretário de Obras da
gestão do ex-prefeito Junji Abe (PSD): "Perimetral é fundamental. Mas
tem que fazer o povo andar nela. Tem de haver educação para a população,
orientar que o caminho dará fluidez ao trânsito. Isso já ajudaria
muito", informa Mossri, ao complementar que "as entradas e saídas de
Mogi estão extremamente complicadas" e abrir novas vias, a exemplo da
Avenida Guilherme Giorgi - ligação entre Suzano e Mogi das Cruzes -, que
poderá contribuir para aliviar as ruas da Cidade.
Já para o arquiteto e
urbanista Paulo Sérgio Pinhal, a Perimetral é uma saída, contudo, tal
anel viário precisa ser ampliado. "A proposta da Avenida é boa, mas ela
já esta comprometida pelo número de automóveis e pelo seu
dimensionamento. É preciso ampliá-la para dar mais fluxo e criar
mecanismos de diminuição dos automóveis que apenas cruzam o Centro para
ir a outros bairros", sugere Pinhal que vê, no transporte coletivo, uma
saída viável para o trânsito de Mogi. "Uma proposta que já deveria ter
sido aplicada, há pelo menos uns 50 anos, é a melhora no transporte
coletivo de qualidade. Se tivermos um, conseguiremos que muita gente
deixe o carro em casa e se utilize deste meio", finaliza, indicando, até
mesmo, uma "campanha de transporte solidário" - na qual são oferecidas
caronas a amigos - para diminuir a quantidade de carros.
Mossri também levanta a
bandeira do transporte público e chega a defender que a Companhia
Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) deva expandir a malha
ferroviária até César de Souza, mas com observações pontuais acerca
dessa medida. "Trem até César é ideal. Contanto que seja confortável,
limpo e rápido. Aí muitos abandonariam os carros. Se todos adotassem o
trem, desde que ele apresentasse condições adequadas de uso, o pessoal
deixaria o veículo em casa", diz o arquiteto.
"O que está sendo feito
para melhorar o trânsito, pensando daqui a 15 anos? A população cresce,
mas os investimentos em vias não. Não vejo uma discussão formal para o
trânsito. Por exemplo, não temos um Plano Diretor para o trânsito",
alfineta Batalha Neto. Para ele, a Prefeitura deve investir pesado em
projetos, o que hoje ele não consegue identificar. "É preciso melhorar
as vias, alargá-las e identificar de onde os carros vêm e para onde vão.
Para só assim fazer as intervenções necessárias. Com um projeto em
mãos, o governo municipal poderá buscar investimentos. Senão, Mogi
ficará como está. Mogi tem solução, basta planejamento", finaliza.
Ao ser questionado
sobre medidas alternativas, visando a contenção de carros nas ruas, como
o rodízio, Paulo Pinhal responde que o efeito dessa ação "paliativa"
poderia trazer um resultado contrário ao esperado. "Com relação a se
implantar um rodízio estamos tratando apenas do efeito e não da causa.
Com ele, as pessoas, pela facilidade de compra que existe hoje,
comprariam o segundo ou terceiro carro e os congestionamentos
continuariam, conforme acontece na cidade de São Paulo".
Ontem à tarde,
representantes da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de
Mogi das Cruzes (AEAMC), do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon) e
do CAU-SP estiveram na Câmara Municipal, em reunião com o vereador
Jolindo Rennó (PSDB), para os últimos acertos sobre o concurso cultural
"Uma ideia para melhorias no trânsito da Cidade de Mogi das Cruzes", que
concederá diploma de mérito ao profissional da área que apresentar a
melhor solução para o trânsito da Cidade. As inscrições serão realizadas
pela AEAMC e estarão abertas a partir do final do mês de maio.
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