terça-feira, 24 de abril de 2012

Profissionais apontam sugestões


Investimentos em transporte coletivo de qualidade - como o trem até César de Souza -, incentivo ao uso da Avenida Perimetral e criação de caminhos alternativos são as principais sugestões de alguns engenheiros, arquitetos e urbanistas de Mogi das Cruzes para a solução ao trânsito caótico da Cidade. Os profissionais opinaram após a publicação da reportagem de anteontem, de O Diário, que aponta ranking das vias públicas mais problemáticas do Município, dentre elas, a campeã de reclamações: a Rua Ipiranga.
Para o arquiteto e urbanista, Nelson Bettoi Batalha Neto, mogiano e membro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado de São Paulo (CAU-SP), uma das soluções mais adequadas para desafogar o Centro de Mogi é a Avenida Perimetral. "Para resolver o problema da quantidade de carros, se faz necessário ter acesso à Cidade sem entrar pelo Centro. A Avenida Perimetral é uma opção. Ela pode até ser mais distante [em quilometragem], mas é mais rápida e ajudaria a amenizar o tráfego intenso", aponta Neto. No entanto, segundo ele, é preciso um investimento em orientação à população, para que ela possa utilizar a avenida com frequência. "Faltam placas informativas indicando a opção dessa via. É uma boa opção, mas a sinalização é ineficiente", conclui.
Semelhante visão é a do arquiteto e engenheiro José João Mossri, ex-secretário de Obras da gestão do ex-prefeito Junji Abe (PSD): "Perimetral é fundamental. Mas tem que fazer o povo andar nela. Tem de haver educação para a população, orientar que o caminho dará fluidez ao trânsito. Isso já ajudaria muito", informa Mossri, ao complementar que "as entradas e saídas de Mogi estão extremamente complicadas" e abrir novas vias, a exemplo da Avenida Guilherme Giorgi - ligação entre Suzano e Mogi das Cruzes -, que poderá contribuir para aliviar as ruas da Cidade.
Já para o arquiteto e urbanista Paulo Sérgio Pinhal, a Perimetral é uma saída, contudo, tal anel viário precisa ser ampliado. "A proposta da Avenida é boa, mas ela já esta comprometida pelo número de automóveis e pelo seu dimensionamento. É preciso ampliá-la para dar mais fluxo e criar mecanismos de diminuição dos automóveis que apenas cruzam o Centro para ir a outros bairros", sugere Pinhal que vê, no transporte coletivo, uma saída viável para o trânsito de Mogi. "Uma proposta que já deveria ter sido aplicada, há pelo menos uns 50 anos, é a melhora no transporte coletivo de qualidade. Se tivermos um, conseguiremos que muita gente deixe o carro em casa e se utilize deste meio", finaliza, indicando, até mesmo, uma "campanha de transporte solidário" - na qual são oferecidas caronas a amigos - para diminuir a quantidade de carros.
Mossri também levanta a bandeira do transporte público e chega a defender que a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) deva expandir a malha ferroviária até César de Souza, mas com observações pontuais acerca dessa medida. "Trem até César é ideal. Contanto que seja confortável, limpo e rápido. Aí muitos abandonariam os carros. Se todos adotassem o trem, desde que ele apresentasse condições adequadas de uso, o pessoal deixaria o veículo em casa", diz o arquiteto.
"O que está sendo feito para melhorar o trânsito, pensando daqui a 15 anos? A população cresce, mas os investimentos em vias não. Não vejo uma discussão formal para o trânsito. Por exemplo, não temos um Plano Diretor para o trânsito", alfineta Batalha Neto. Para ele, a Prefeitura deve investir pesado em projetos, o que hoje ele não consegue identificar. "É preciso melhorar as vias, alargá-las e identificar de onde os carros vêm e para onde vão. Para só assim fazer as intervenções necessárias. Com um projeto em mãos, o governo municipal poderá buscar investimentos. Senão, Mogi ficará como está. Mogi tem solução, basta planejamento", finaliza.
Ao ser questionado sobre medidas alternativas, visando a contenção de carros nas ruas, como o rodízio, Paulo Pinhal responde que o efeito dessa ação "paliativa" poderia trazer um resultado contrário ao esperado. "Com relação a se implantar um rodízio estamos tratando apenas do efeito e não da causa. Com ele, as pessoas, pela facilidade de compra que existe hoje, comprariam o segundo ou terceiro carro e os congestionamentos continuariam, conforme acontece na cidade de São Paulo".
Ontem à tarde, representantes da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Mogi das Cruzes (AEAMC), do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon) e do CAU-SP estiveram na Câmara Municipal, em reunião com o vereador Jolindo Rennó (PSDB), para os últimos acertos sobre o concurso cultural "Uma ideia para melhorias no trânsito da Cidade de Mogi das Cruzes", que concederá diploma de mérito ao profissional da área que apresentar a melhor solução para o trânsito da Cidade. As inscrições serão realizadas pela AEAMC e estarão abertas a partir do final do mês de maio.


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